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OS IMIGRANTES ITALIANOS

 


“Que coisa entendeis por uma nação, senhor Ministro? É a massa dos infelizes? Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos o pão branco. Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho. Criamos os animais, mas não comemos a carne. Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos a nossa Pátria? Mas é uma Pátria a terra que não se consegue viver do trabalho?”   

(Esta é a resposta de um italiano a um Ministro de Estado de seu país, a propósito das razões que estavam ditando a emigração em massa)

 

A vinda de Genova para o Sul de Minas

Provavelmente o nome do vapor Colombo será o mais lembrado em qualquer comunidade de imigrantes em Minas Gerais, por ter sido o que mais viagens realizou sob contrato com a Província. Partindo normalmente de Genova, no Porto do Rio de Janeiro deixou milhares de lavradores esperançosos, italianos fugindo da fome que grassava na terra natal. Assim aconteceu no início de 1896 quando quase 1.400 italianos embarcaram em Genova. No dia 3 de abril, no Porto do Rio de Janeiro, desembarcaram do Colombo 904 italianos contratados para trabalhar na terra mineira. Viajando na 3ª classe como era habitual, aqueles italianos provavelmente não imaginavam o sofrimento que ainda teriam que suportar antes de encontrar um pouso adequado.

Notícias de jornal nos fazem acreditar que foram dificílimas as horas passadas na Agência de Imigração à espera de autorização para seguirem rumo à estação ferroviária onde embarcariam com destino a Juiz de Fora. A falta de higiene que já os acompanhava no vapor provavelmente tornou-se ainda mais difícil de suportar durante aquelas intermináveis horas que os separavam do vagão do trem. É fácil imaginar o sofrimento daqueles bravos imigrantes quando sabemos que entre os 904 passageiros estavam incluídas crianças de até um mês de idade, nascidas durante a viagem. Quem de nós pode permanecer impassível ao pensar em crianças famintas, sujas, sem um lugar para dormir adequadamente há mais de 30 dias, agarradas talvez na barra das saias de suas mães que nada podiam fazer para minorar o sofrimento da prole?
Mais de quarenta horas após desembarcarem no Rio, o grupo de imigrantes deu entrada na Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora. A viagem de trem foi apenas um complemento torturante a mais. Viajavam como carga viva, sem um mínimo de conforto, em vagões que pareciam adequados apenas ao transporte de animais. E em Juiz de Fora foram “despejados” num alojamento que longe estava de ser uma decente hospedaria.

 Analisar os livros daquela hospedaria constitui-se num exercício de paciência e coragem. Quantas histórias de vida escondem-se atrás daquelas listas de nomes, de medicamentos consumidos, de doentes graves e mortos?

Mas, acreditamos que o pior vexame ainda estava por vir. Os fazendeiros da região ou seus prepostos viajavam para Juiz de Fora com a mesma disposição que alguns anos antes saíam para comprar escravos. Todos sabemos que o 13 de maio de 1888 é apenas uma data no calendário que não significou de fato a imediata extirpação da chaga social que foi a escravatura. Os corredores muitas vezes imundos da Hospedaria Horta Barbosa foram palco de avaliações desumanas por fazendeiros que vinham em busca de trabalhadores. De certa forma cerceados pela propaganda oficial de garantia de direitos aos trabalhadores ditos livres, nem assim conseguiriam esquecer séculos de relacionamento de posse com os subalternos. E, claro, precisamos também considerar que muitos daqueles fazendeiros tinham sofrido um bom desgaste econômico com a abolição.
Alguns imigrantes conseguiam ser escolhidos logo nos primeiros dias em que chegavam a Juiz de Fora. Outros, e parece-nos que foi o caso da grande maioria, passavam longos períodos por ali. As normas da Secretaria de Terras e Colonização limitavam há 5 dias o prazo de permanência na Hospedaria. Basta no entanto folhear um dos livros de registro para comprovar que os 5 dias eram, na maioria das vezes, o prazo mínimo que um grupo de viajantes de determinado vapor ficava à espera de “ser escolhido” por algum fazendeiro.

Por: José Carlos Barroso